Coração Xucro


O dia amanheceu cantando, no paraíso que é meu.
Tudo parece perfeito... Há tons de verde que eu desconhecia... O tal 'passarinho verde', do qual minha mãe falava tanto...
Ah! Eu queria ficar aqui, entre a sombra do coqueiro verde e do amarelo... O gosto de um, é doce, o outro, tem mais sais... Ficar aqui de bobeira, deixando que os versos brotem feito às criaturinhas no chão... Feito aquelas de asas...
Mas, o trabalho é muito... Fins de semana, dia-santo, feriado... A roda sou eu quem gira... Tenho que entregar tudo pronto... Terminado.
E nas letras, que me norteiam, no trabalho ou no pensamento... São as frases que saem soltas, que brincam no céu da minha boca... Surtindo o movimento.
Queria que esse momento de apreciação fosse todo de chocolate...Que as águas da cachoeira, que tem a minutos daqui, virassem aquelas do filme conhecido. Que no chão houvesse conchinhas... E o céu feito de algodão-doce colorido, em nuances de goiabada e  de tacho quente... om gosto de manteiga batida... De fruta-do-conde...
Ah! O dia amanheceu florido... encantado!... Apaixonadamente verde de esperança.
Quisera a vida fosse cor-de-rosa... As montanhas, iguais as nossas... O olhar do povo, o olhar de 'deus'...
E como se fosse pouco, o desenrolar do dia meu... Meu coração amanheceu agitado, parece pipocar, no peito meu... Criança correndo solta, não entende muito o perigo à frente... Guiar as rédeas de um potro, em reboliço, é complicado...  Eu sei bem disso... Na fazenda, quando pequena... Coração tropeiro solto e potro xucro... Viravam ao laço da boleadeira!










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