Escrevi na areia palavra amigo
Ao poeta que se perdeu nas
areias duma praia sem sol
Escrevi na areia a palavra amigo, e, antes que a onda a lambesse, o vento a levou.
Eu até que tentei segurá-la nas mãos, ali se dissipando no ar, flocos minúsculos de rocha, pó de homens ancestrais, de poetas e de poesias que se desfragmentaram lentamente sobre fortes machadadas de indignação.
Mas, nada... Não pude com tamanha força, com descomunal gesto incongruente... me vi inútil, pequeno, minúsculo, insignificante como diante de um Hércules, de um Golias, de um Titã sedento de paixão – devorador de intelecto, de esperança, de amizade.
Agora, vejo-me caminhando pela praia, sem causar pegadas, nem na areia, nem nas ondas do mar, não causo pena, nem poema... e, as penas que me tocam o rosto são lágrimas de um poeta roto.
Flávio Mello
08/05/2007