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           NA OLARIA (PA)LAVRANDO PÓ

            "executo meus versos na flauta de minhas vértebras..."
                          (Maiakóviski)


                      (Conjuração do Verbo com Sofia (zocha)))


     A palavra as vezes matéria,
   líquen, corpo do meu corpo,
   sal que de mim sai e me volta,
   regurgito-a! 
   É dessa miserável condição
   humana esse atrito,
   dessa palavra polissêmica,
   árvore de pelagem descascada,
   de faces doídas, multifacetadas,
   de versos apagados,
   senhas borradas.
   Ah...dói palavra, dói,
   tua cara, minha cara mal lavada,
  teu pó, simulacro, meus cacos,
  cadencia de mim enrodilhada,
  deste cordão umbilical, letal,
  prolongado éco dos meus abismos,  
  gravitação dessa hodierna
  loucura,
  essa insólita palavra só minha,
 privativa linguagem, 
 quiromancia de funduras,
 perdidas palavras, rupturas,
 trilhas íntimas,
 recurvas do mesmo, partituras?! 
Na Olaria, a bilha quebrada,
só teus rumores,
sob o halo de fogo, 
do cinzel!...
                    
          




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