EU QUERIA, MESMO, ERA SER POETA

EU QUERIA, MESMO, ERA SER POETA

DONATO RAMOS

(16º livro previsto)

Textos baseados nas músicas que teimam em permanecer em cada esquina atrapalhando o trânsito.

001

Em nuvem de ouro, vi tua imagem... Olhos cismadores... no horizonte dos meus sonhos a desaparecer diáfana. Onde estava o mar, estavas tu. Onde o céu começava, estavas tu. Eu sonhei que tu estavas tão linda, mas tão distante, que minhas mãos se cansaram de acenar.

002

Um dia, voltarás. Sinto, perfeitamente, a tua necessidade de voltar... Correste mundo, correste terras estranhas, quentes, frias... Teus pés cansados da poeira de outros pés e de outras saudades pedirão para retornar sobre os próprios passos e descansar de todos os lamentos que ecoam em sua mente!

003

As horas da vida engoliram o eco de todas as canções de amor que os seresteiros cantaram.Os balcões já desapareceram no tempo e o espaço recolheu as últimas notas musicais dos violões que se calaram. Onde andará o cantor que nas noites de lua saía por aí...?

004

Confundem-se os ritmos. As músicas que serviam para as serenatas, confundem-se com as músicas dos cabarés... Tornou-se mais fácil cantar, na Mesa de um bar. Os tempos foram mudando os Gostos ou as mulheres não Saem mais às janelas...? O poeta sofrido com as transformações, também vai

para o bar. Esvazia a taça e uma sombra colorida vem sufocar uma paixão.

005

Abra a janela e vem ouvir A serenata que fiz pra você. Os amigos, companheiros de sonhos, também vieram. Abre a janela e deixe contradizendo coisas que você já sabe. Sua janela é o meu altar E esta serenata é a prece de amor que preciso dizer o quanto antes. É a única que ainda sei fazer.

006

Recordemos um sorriso e uma lembrança... O tempo bom das noites bem dormidas, dos sonhos bem sonhados, da vida mais vivida... O silêncio de quem recorda ao som divino da valsa, aquietemo-nos, sem fazer barulho, para a lembrança ser melhor e menos dorida...

007

Quem saberá dizer para onde foram os poetas de outrora...? Quem saberá dizer para onde foram os cantadores das esquinas que se modificaram com o progresso que o homem cria? Quem saberá dizer das noites que se foram...? Quem saberá dizer em que ouvido morrerá esta canção?

008

Feche os olhos. Imagine o que você quer. Eu lhe dou. Imagine a cor que você mais gosta. Eu a pintarei na tela do seu coração. Imagine um amor maior que o meu... Não o encontrará. Pra você, nasci! Pra você, eu vivo.

009

A valsa convida.No salão de cada imaginação, imagina-se a mulher de todos os sonhos. Na semi-dormência de uma manhã de domingo, valsa-se. Volte aos anos de outrora. É o convite à valsa que fazemos.

DONATO RAMOS
Enviado por DONATO RAMOS em 04/06/2008
Código do texto: T1018597