REFLEXOS

O espelho perambula pela paisagem e vai se detendo aqui e ali nos detalhes das folhas sem viço a revelarem o outono avançado.

Pela janela, o vento da tarde no rosto, junto com o ruído dos carros que correm como se fugissem ( o tempo, você sabe, nem sempre é nosso amigo); o bêbado na calçada a não pensar nem a ver nem a sentir o vento na própria nuca, menos ainda o ruído dos carros que fogem, ruído-coisa-alguma para ele, bêbado tropeçante também a fugir de si mesmo.

Frio que entra pela janela a não lembrar, mesmo remotamente, a minha voz de ontem ao microfone, nítida como Sol de verão.