A BELA ADORMECIDA

Era um lugar fechado, uma muralha antiga, inescalável.

Ela estava deitada, ali dentro, em uma escadaria que levava ao Nada.

Dejetos secos de animais e um pó milenar decoravam o ambiente (não-umido e não-seco)

Era confortável, apesar de não ser o leito que a acolhe todas as noites.

Era amável para os acomodados.

Gritos distantes eram ouvidos e ela esboçava um sorriso quando reconhecia a voz de quem a chamava.

Mas continuava ali, em posição fetal, junto ao pó e aos dejetos secos de animais.

Não havia nada mais a ser feito e terminar naquela escadaria era mais do que merecia.

Ela assistiu muitas coisas: impérios caindo, impérios levantando. Mas nenhuma Roma era comparável com aquilo ali (tão seu, tão caracterizado, tão poético e tão triste.).

Quem era ela?

Não era alguém, apenas minha pátria se escondendo.

Lisa Alves

Lisa Alves
Enviado por Lisa Alves em 01/06/2008
Código do texto: T1015246
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