A Carta

“A Menina saiu no meio da noite para ver a rua.

Sempre só, no seu turbilhão de saudades, ela ascendeu um cigarro para ver se a dor que ela sentia passava.

Era uma dor meio sem saber do que, uma dor que só gritava, uma dor contida...

Andando na rua, com seu sobretudo com ombreiras(com ombreiras porque, debaixo dele ninguém poderia ver seu corpo caído), a chuva começa, numa dança frenética, a bailar sobre ela.procura um abrigo,não queria a companhia da chuva nessa noite, queria continuar como era, sempre só.Sempre doendo.

No meio de toda a enxurrada, produzida por toda aquela chuva., sem querer , a menina vê uma carta, e , quase sem pensar (coisa que ela nunca fazia) , a menina se atira em sua intrometida companheira e salva aquele envelope todo molhado

Relutou em abrir (já tinha voltado a pensar),a carta não era para ela.(e... para quem mais havia de ser? só a Menina estava ali para recebê-la , quando chegou, no meio da chuva...)

Abriu.

E...Quase nem leu o que estava realmente escrito,quando começaram os números, surgiu também sua fantástica realidade.

Viu, dizeres de suas saudades.

Parou de ler, não podia, fechou a carta e a entregou de volta a chuva, tinha de parar a poesia a ali, mata--la ali. Afinal não queria mais nada da Senhora Poesia, dona das almas que sonham possibilidades.

O Preço cobrado era mais alto do que as moedas que estavam em seus delírios irreais"