Invernada

Quando me deito,

Sobre a cama me deleito,

Nas cores eu vejo a noite,

Chegando bem devagar...

Cantinho abençoado,

Onde o sonho vira verso,

Meu excluso manifesto,

Meu silêncio, minha solidão...

Vou falar que o escuro é fantasia,

E o sono é passeata,

Nas estrelas vejo o brilho,

O brilho do seu olhar...

Chuva bate na janela,

E os pingos são sentinelas,

Prá lembrar a Invernada,

O louva-deus cai de montão...

Logo vem a estiagem,

Orvalhiza-se a folhagem,

De longe escuto um canto,

Um canto de magestade...

Abro os olhos de repente,

Sorrindo com o sol nascente,

Passarada à voar,

Nova vida pela frente...