Ele, você... e ela.
Ela olhava atenta, através do vidro da sala que a separava do jardim. Buscava para seus olhos um rosto, um sorriso. Não sabia ao certo o que pensar. O fato era que estava sozinha. Totalmente. O silêncio da casa só foi quebrado por um estalar de dedos dela. Fez uma cara de quem sabia exatamente o que iria fazer...
Abriu a porta, desceu calmamente os degraus da escada e chegou até o portão. Olhou através dele: não havia ninguém na rua, também. Abriu o portão e foi até o outro lado da rua, num lugar de muita importância para ela, no qual somente duas pessoas poderiam saber o que aquilo significava. Um lugar onde só eles conheciam. Sentou-se. Lembranças vieram em sua mente. Olhava ao seu redor, e parecia reviver tudo. Parecia que somente ali ela se sentia completa. Uma lágrima caiu... logo outras também vieram, e em seguida um longo suspiro pôde-se ouvir, quebrando aquele silêncio impiedoso.
Levantou-se. Enxugou as lágrimas. Pensou que tudo não passava de uma farsa. Uma farsa até que bem bolada, para ela. Riu... Olhou para trás, deu um último suspiro e caminhou. Não sabia exatamente para onde estava indo... mas queria que fosse para bem longe dali. Queria poder esquecer de tudo. Poder jogar toda a sua tristeza num canto qualquer...
Demorou meses, mas enfim ela conseguiu: as lembranças não mais a atormentavam, e os dias agora, eram mais claros...
Aquele lugar, agora, se tornou parte de algo que nunca mais ela quer reviver. Algo que foi uma boa mentira para se viver, mas que enfim, desapareceu.