OS ESPELHOS

Ela se imagina no fundo do espelho dele, de acordo com o que ele diz: "Vejo teu rosto no lugar do meu próprio rosto aqui, no recesso do espelho deste quarto."

O poema, algum dia, decifrar-se-á a si mesmo? Ainda que todos os espelhos se pareçam, quase nunca se vê, ou se quer ver, ou se consegue ver o que eles realmente refletem.

Ela se pergunta: Por que não consigo me ver como ele me vê? De onde retirou ele, de mim, esta imagem de mim que me é invisível? Ah, pudera tornar-me, diante do espelho, no recesso deste quarto, aquilo que ele me vê, para sempre inacessível diante dos meus próprios olhos.