Barulhos de mar
Sobre barulhos de mar
Aquilo não era barulho, era meio um murmúrio, talvez um sussurro, horas um leve ecoar de múltiplos sons, quem sabe um grito um apelo, pedido de socorro ao mar., mas parecia barulho de mar, de ondas batendo, indo e vindo, profundamente misteriosas, convidativas...
E era um ruído alegre que mansamente invadia, e trazia consigo aromas, sabores, cores e se fazia orvalho, e tornava ao mar e enchia e molhava, e então tornava concha, e novamente produzia aquele som capaz de mover todos os sentidos...
E o que era esse mistério que persistia em ser sentido mesmo depois de tanto tempo ter sido feito e o que era afinal esse som batendo todas as portas, que de mar virava vento, que virava tempestade, que virava furacão, precipitações, eclipses e luares?
E o que era então esse acender, aquecer, queimar e congelar, um ruído imaginário?
Ou uma viagem ao interior? E quão duradouro seria? E ficaria latente do dia até a noite, e se faria sentir, alegre, no acordar?
Ah, era sim inexplicável esse som, e também inesquecível, mas ao mesmo tempo muito compreensível, afinal chegara e acordara de forma suave um corpo que por um longo tempo dormira, e assim foi despertando cada parte, trazendo pra si cada sentido, fazendo um novo suar, respirar, bater, molhar, com toda a intensidade que não tem medida, tudo isso apenas com um “barulho de mar”.
Haverão peixes, algas, uma vastidão de seres e vidas, de cores e cheiros incompreensíveis e indescritíveis,
Haverão ondas, cais, barcos e sereias, histórias e aventuras, piratas e tesouros,
Haverá um imenso céu, que emenda com esse mar, haverá um oceano inteiro a se derramar tudo a partir do misterioso barulho desse mar.