PARA FALAR DE AMOR
Para falar de amor, deve-se no mínimo saber chorar
E ter pés de anjos para poder tatuar caminhos
E conhecer o abismo da solidão do espinho
E ter a emoção brilhando no horizonte do olhar
Para falar de amor, deve-se conhecer a linguagem dos sonhos
E calar-se ante a grandeza da ilusão que emoldura o sentir
E encantar-se, na emoção da lágrima feliz ao sorrir
E lavar a alma, nas águas cristalinas
de um olhar castanho
Para falar de amor, é necessário conhecer a dor e o seu revés
E sentir a paz cheirosa e o seu frescor
É saber do ciúme e o dissabor
E desejar profundamente, Saturno e os seus anéis
Pois ele é uma santa loucura
E irmão gêmeo da dor
É quase uma cura, um sonho libertador
Falar de amor é vendar a realidade
É calar-se ante o inexplicável.