A arte do Poetrix

Ergástulo

(Laila Casperini)

liberdade não há

asas cortadas

Anjo caído

Pelo que vi na página da Laila Casperini - Recanto das Letras -, este é o único Poetrix que ela publicou, não sei se tem outros... tomara que sim.

Falar de escritos alheios é muito complicado, mesmo assim, ouso fazer alguns comentários a respeito desta preciosidade.

Logo de cara me encantei com o título - Ergástulo. Uma palavra de pouco uso - que significa masmorra. O título de um poema é como uma Certidão de Nascimento, que o identificará para sempre. É ele que nos dá a direção do texto, por isto o considero tão importante quanto o próprio texto. Muito bom!

O poema é de um minimalismo exuberante. É sucinto em todos os seus versos, casa perfeitamente com o título. Nos leva a acreditar em uma “falsa prisão”. Quando a autora diz: “liberdade não há” e logo em seguida reafirma que as asas estão cortadas, como se quisesse que o leitor sentisse pena dela, que acreditasse que um dia ela pudesse ressurgir das cinzas como Fênix. Nada disto! No terceiro verso ela diz: “Anjo caído” poderia ter dito traste ou vermes caídos para que sentíssemos realmente pena dela. Anjo significa criatura espiritual, mensageiro de Deus, por isto não há prisão, ainda que ela tenha falado que suas asas foram cortadas. Viva a poesia!!!

Só para lembrar “O poeta é um fingidor.

Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor

A dor que deveras sente.”

Pedro Cardoso DF
Enviado por Pedro Cardoso DF em 17/07/2012
Reeditado em 07/08/2012
Código do texto: T3782301
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