Aqui consigo ouvir o canto do granito, sempre que o vento passa e acaricia sua aspereza. Junta sua voz à dos pássaros e à de todas as criaturas que nasceram nas fragas*. O seu perfil recorta o céu, modelando castelos onde ainda vivem mouras encantadas. Graníticas escarpas, agrestes e ásperos penedos, tronos esculpidos à minha medida, onde me sinto rainha sempre que neles me sento...
No alto das serras, por entre o fraguedo, onde nascem as mais belas e raras flores, a luz do sol nascente é filtrada pela névoa que abraça os cumes mais elevados. Névoa… Sombra diáfana dos anjos, açúcar com que adoçam as manhãs do mundo e lhe conferem tons de púrpura transparentes. Ao mesmo tempo, ínfimas partículas de brilho puro dançam no ar, resquícios da noite estrelada semeada no seio da terra.
Lentamente, como se a luz tivesse peso, a coroa de névoa vai descendo, empurrada pelo sopro dos anjos para os vales, um rubro intenso cobre o horizonte,
e eis que a aurora surge em todo o seu esplendor!
Não tarda, chegará o dia vestido de azul iridescente e as fragas ganharão nitidez, recortadas sobre o infinito.

Aqui, nestes paraísos, no alto de cada serra, a maravilha repete-se todas as manhãs e a beleza abençoa os madrugadores que se atrevem a desafiar o frio da madrugada.

(*Fraga: pedra de grandes proporções, rocha, penhasco, penedo, escarpa)
(Fotos tiradas pela autora na sua terra natal, no norte de Portugal)


 



PARAÍSOS FLORIDOS


Paraísos floridos

Sorriem e fazem sorrir
Os sentidos.

 
Ana Flor do Lácio
Ana Flor do Lácio
Enviado por Ana Flor do Lácio em 07/04/2012
Reeditado em 07/04/2012
Código do texto: T3598864
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.