Crítica literária

Ninguém vê e nada pode ser ouvido

cinema mudo

natureza morta

cegos a olhar!

Maria Nelci

Um poetrix interessante. Se fizermos uma leitura atropelada, podemos cair na armadilha preparada pela autora. Ela diz no título: “ninguém vê”. Mas as pessoas não estão dentro de um cinema? E as imagens? Ela ainda diz: “natureza morta”. Aqui a coisa fica mais complicada. Está-se falando de uma obra de arte, um quadro em exposição onde pessoas estão vendo, mas com certeza, não estão enxergando, pois que, não estão “ouvindo”. Pior, ficam admiradas... Esta pode ser uma crítica às pessoas que vão aos museus em busca de obras específicas, obras conhecidas mundialmente, com isso, perdem a oportunidade de verem e descobrirem novas maravilhas. A concisão do poema é intensa, poucas palavras nos levam a um mundo de várias leituras, este é um dos segredos do poetrix. Outro ponto importante do poema está no título “nada pode ser ouvido”. Aqui a crítica é mais severa e verdadeira. Se as pessoas não entendem, com certeza, nada pode ser dito.

Quanto mais leio este poetrix, mais imagens e leituras me vêem a mente. Este jogo entre natureza morta e cinema mudo, é bastante rico. O termo Natureza-morta refere-se à arte de pintar e desenhar objetos inanimados, como frutas, jarros, cestos, entre outros. O filme mudo é aquele que não possui trilha sonora que corresponda às imagens exibidas. Estas expressões da arte estão ligadas de uma maneira muito peculiar: no cinema mudo você vê, entende o que está acontecendo, embora não ouça os diálogos que são travados através dos sinais. Nos quadros de Natureza-morta você vê e também entende, porém algumas pessoas não sabem que essas telas representam cenas religiosas. Não vêem além... Por tudo isso e talvez, muito mais, a autora afirma... “Cegos” a olhar! Que em outras palavras se poderia dizer: o belo pelo belo e não o belo do que é belo... E viva a poesia!!!

Pedro Cardoso DF
Enviado por Pedro Cardoso DF em 11/01/2007
Código do texto: T343241
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