LUA SEMINUA
Nada que me aperte
Nada que me oprime
Nada que me sufoque
Nada que me reparte
Nada que me tolhe
Nada que me cale
Nada que me tire o escolher
Nada que me reprime
Nada que me esconde
Nada que me escolte
Nada que me encarcere
Nada que me mate
Nada que me fere
Sou raiz nada de beco sem saída
Sou feito de escolha
Tudo que me recolha
Tudo que explode a rolha
Tudo que borbulha
Tudo que me orgulha
Tudo em enxame de champanhe pulula
Tudo que solta como botões de blusa
Tudo que grite desembrulha
Tudo que me está à frente debulha
Tudo que me dá espaço ulula
Tudo que me solte do compasso
Tudo que afrouxe o laço
Tudo que me abre os braços
Tudo e nada em dados processados
Mas de mãos dadas reforçados.
Disso eu não abro a boca do forno
Nem assim e nem assado
O mundo pode dar voltas
O mundo tem suas revoltas
O mundo é um oceano sem rasuras
Uma lua de tudo que nos trás
Tudo leva de volta...
É uma mulher noturna que a caça procura
Que na lua nova se despe
Engravidando na lua crescente
Parindo na lua cheia
E descansando no quarto minguante
Cada um tem o verbo na criatura
E no fundo o tudo dentro deste nada raso se misturam...