LUA SEMINUA

Nada que me aperte

Nada que me oprime

Nada que me sufoque

Nada que me reparte

Nada que me tolhe

Nada que me cale

Nada que me tire o escolher

Nada que me reprime

Nada que me esconde

Nada que me escolte

Nada que me encarcere

Nada que me mate

Nada que me fere

Sou raiz nada de beco sem saída

Sou feito de escolha

Tudo que me recolha

Tudo que explode a rolha

Tudo que borbulha

Tudo que me orgulha

Tudo em enxame de champanhe pulula

Tudo que solta como botões de blusa

Tudo que grite desembrulha

Tudo que me está à frente debulha

Tudo que me dá espaço ulula

Tudo que me solte do compasso

Tudo que afrouxe o laço

Tudo que me abre os braços

Tudo e nada em dados processados

Mas de mãos dadas reforçados.

Disso eu não abro a boca do forno

Nem assim e nem assado

O mundo pode dar voltas

O mundo tem suas revoltas

O mundo é um oceano sem rasuras

Uma lua de tudo que nos trás

Tudo leva de volta...

É uma mulher noturna que a caça procura

Que na lua nova se despe

Engravidando na lua crescente

Parindo na lua cheia

E descansando no quarto minguante

Cada um tem o verbo na criatura

E no fundo o tudo dentro deste nada raso se misturam...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 22/05/2011
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