aqui,agora
na periferia não tem palmeiras
nos bairros de classe média canta o sabiá
que gosta das árvores frutíferas
que agora são vendidas para os condomínios
aqui as crianças não são anjos
e odeiam desde cedo
a´miséria,a violência dos pais
o não não não pra tudo que é desejado.
os índios das resrvas aqui na periferia
não são Peri ou Iracema
andam de bermudas,não têm dentes
vendem bugiganga e compram álcool
morrem aos poucos
aqui as famílias não são
a célula mater de nada
mesmo que ainda existissem
seriam celulas doentes
doentes de fome não só de comida
fome de futuro,fome de dignidade,
fome de qualquer esperança possível
fome de se lembrar que é gente
aqui a belezura não chegou
e dá uma passada só na época dce eleição
quando o candidato precisa de umas crianças pobres
pra abraçar como se abraça um cachorro
aqui a saúde não sobrevive
o que chega é muito remédio
que gera mais doença
pra se precisar de mais remédio
aqui filho é a única chance
de se sentir gente por nove meses
mas o filho já nasce querendo
e na periferia o que mais tem
é gente querendo alguma coisa
aqui o brasil da rede globo
não chega-chega o ddo datena do ratinho da xuxa
odos reis roberto e pelé embalsamados
brasis que aparecem na telinha
pra mostrar pra classe média como
tudo podia ser bem pior
e agradeçamos ao Deus do Padre Marcelo
e dos outros corretores do céu
pela nossa habitação bem protegida
pela guarita,pelas câmeras,pelos convênios médicos
e outras tantas mentiras de supermercado
na periferia não tem globeleza