No fim de tarde o sertão é só saudade

Martela terra debaixo pracima meus pés

Baque toco seco sertão

Surpresa nova na palma da mão

Flor bruta agreste

Taca pedra menino perto

Boi manhoso corre atrás

Risada acende a luz da tarde

Tudo o que corre é moleque

Cara muda,rompe berro Quero-quero

Fidalguinhos inspecionam sóbrios os pastos

Manso cavalo paciente na ruminação

Projetos esquecidos no doce das mangas

Açude barroso liso marrom

Aberta ferida no mistério da terra

Que seca palmo a palmo rachando nas horas

De tão quente o ar trinca silêncio

João de Barro insiste no marrom

Fortaleza aérea encarapita no tronco

O teiú olha debaixo pracima de só inveja

Lambe o nada com língua gulosa

No fim da tarde o sertão é só saudade

Repete consigo mesmo o vaqueiro já antigo

De tanto ser antigo.Seus pés marrons,sua cabeça

Fica passarinhando um cantinho de aqui