Paragens

Da janela espreito a cor dessa noite

Parece me límpida, até transparente

O ruído do automóvel que sobe a rua

Corta a tranquilidade que é nua de pensamento

Crua de cheiros…melhor… odores

O quiosque, a rotunda, abandonados

Como se fossem ali deixados

Propositadamente para serem fios condutores

De paragens, sorrisos, viagens…

São meus, são só meus, apesar de tudo

Oh…porque não consigo ultrapassar

Essa janela…esse quadro…essa miragem

Queria me invadir, me impregnar

Desse cheiro, desse odor a vida

De raiva, imaginação contida

Reflectida e vulgarmente contraída

Onde a razão se trancou e fechou em copas o segredo

E deixou a evolução natural sem margens, viagens, paragens…

E quem sabe agora sorrisos e avisos sobre o mundo belo

Porque me sinto perdida?

Sinto me imprópria, incrédula, invulgar

Como se para a meta só houvesse uma pista de corrida

E eu nela desfaleço e nunca chegarei em primeiro lugar…

E os sonhos, esperanças desse mundo belo

São meus, são só meus, apesar de tudo…

Isabel Nisa
Enviado por Isabel Nisa em 06/08/2006
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