Paragens
Da janela espreito a cor dessa noite
Parece me límpida, até transparente
O ruído do automóvel que sobe a rua
Corta a tranquilidade que é nua de pensamento
Crua de cheiros…melhor… odores
O quiosque, a rotunda, abandonados
Como se fossem ali deixados
Propositadamente para serem fios condutores
De paragens, sorrisos, viagens…
São meus, são só meus, apesar de tudo
Oh…porque não consigo ultrapassar
Essa janela…esse quadro…essa miragem
Queria me invadir, me impregnar
Desse cheiro, desse odor a vida
De raiva, imaginação contida
Reflectida e vulgarmente contraída
Onde a razão se trancou e fechou em copas o segredo
E deixou a evolução natural sem margens, viagens, paragens…
E quem sabe agora sorrisos e avisos sobre o mundo belo
Porque me sinto perdida?
Sinto me imprópria, incrédula, invulgar
Como se para a meta só houvesse uma pista de corrida
E eu nela desfaleço e nunca chegarei em primeiro lugar…
E os sonhos, esperanças desse mundo belo
São meus, são só meus, apesar de tudo…