O Búzio
Chutando as areias de uma duna encontrei um búzio.
Ele jazia alí frio e oco como meu coração.
Nos entreolhamos, juro ter visto dos pares de olhos tristes naquela concha cintilante ao sol frio da primavera. Então o recolhi com cuidado, como quem pega um passáro ferido, com medo de assustá-lo.
Mantive ele aninhado na palma da mão enquanto perguntava-lhe sobre o futuro com palavras medidas e cansadas. Depois levei-o ao ouvido e ele me respondeu com o chacoalhar das ondas que também nada sabia, então choramos juntos olhando o mar de Cabo Frio.