GALÁCTICO

Despedacei o meu tormento

na imensidão do universo,

viajei espaço afora no rabo do vento,

lambuzei a cara dos pseudos anjos

com a verdade do meu discernimento,

fiquei sensível, irascível, indescritível,

encantei-me com a letra do angélico verso,

vivi o indivisível sentimento

impaciente, (in) consciente, deprimente,

meu alento...

Fiz-me azul no oceano celeste

e entre as estrelas cintilei o meu reverso,

feito cometa risquei o céu do norte,

cruzei a linha do sideral agreste,

com a ponta do dedo cutuquei a sorte;

Circundei uma órbita estranha,

mexi com a lua de ninguém

acabei virando refém,

mas as Querubinas, Serafinas,

angelicais meninas

responderam: Não!

Adormeci no plano zodiacal

alvoreci na Aurora Boreal,

aquarianamente calei o grito

irrestrito, contrito,

tomei um soro contra esse mal,

renunciando o amor galáctico

desbanquei o mito,

e na nave da ilusão

fica o dito pelo não dito.

16/04/08

A. JORGE