O Aviso
E o anjo despertou
Para o juízo final.
Sua lâmina empunhou
Para sua missão triunfal.
Prostrado em plena oração
Para sua missão começar.
A hora da retidão
Para os justos salvar.
À terra se dirigiu
Como o sopro da noite
E na bruma submergiu
Trazendo na mão o açoite.
Com a face fechada,
Caminhar flutuante,
Tem à mão, sustentada,
A balança cintilante.
Nas portas a bater,
Em toda casa passará,
Como vento a correr
Um aviso deixará.
“Acorda pobre mortal,
chegou a hora derradeira.
E o teu destino fatal
É passar pela ceifadeira .
Se um existir insano
Viveste no mundo carnal,
Se de modo leviano
Propagaste o mal,
Vais com os que ali caminham
Ao julgo do Senhor.
Junta-te aos que choramingam
Os princípios da grande dor.
Se justo, na vida foste,
Procures assento à luz.
E, se viveste como te proposte,
À vida eterna te conduz.
Se mentes, entretanto,
Que digam amém os decaídos
Quando entrares, aos prantos
No fogo dos perdidos”.
...
Sentou-se o mensageiro
Após sua missão cumprir.
Prostrou-se como cavaleiro
Com o Cordeiro a surgir.
E o Anjo enviado
Aos Céus se encaminhou.
Havia completado
A missão do seu Senhor.
(texto integrante do livro "Centúrias e os Versos do Apocalipse")