CÂNTICO DO SER




Não, eu não tenho peso.
O peso que me faz
é o dos meus sonhos.
Dos meus desejos de paz.

Eu não sou como tu,
pastor despojado,
pesado de luz e de amor.
Eu sou leve de vida, de luz.
Leve de esperança.
Sacrificada flor.

A obra de minha vida
procede somente
dos meus olhos fiéis.
Meus joelhos talvez 
estejam ausentes,
dobrando-se em nuvens cruéis.

Mas, pastor, chegarei à fonte,
assim, humilde,
sempre reverenciando o eterno 
em seu silêncio profundo.
Nem gazela, nem santa,
nem dama.

Apenas humana.
E já é tudo.




(Direitos autorais reservados)

Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 09/04/2008
Reeditado em 03/06/2011
Código do texto: T938797
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