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O rio era preciso atravessar
Não estava muito longe pra alcansá-lo
Mas de repente, incomodou-me um calo,
Continuei; mas tive que parar...
E acabei, então, adormecendo
Quando acordei, só era escuridão,
Tomei um susto ao ver a Legião,
Fechei meus olhos; pois não estava crendo
Mas ao abri-los, já não havia nada
Sentia-me cansado, arrependido,
Estava triste, o coração ferido
Ao ver a violácea madrugada...
Senti chegar também a esperança
Sentia falta da Grande Jornada
E da vitória há muito alcansada
E dos conselhos bons - e da Voz mansa...
Que dava uma palavra de conforto
Que estava à frente e era o Capitão
Que não vendia dolo, ou ilusão
Mas, ensinava onde era o porto.
Eu consegui chegar no Eunoé
E mergulhei no rio de água doce -
Cada mergulho era como se fosse
Um demo que era expulso pela fé...
Senti-me então feliz - revigorado
E o serafim de novo apareceu
Estava lá no trono, no apogeu -,
Se aproximou com um tição dourado,
Tocou em minha testa, e um calor -
Passou pelo corpo, diferente
Minha alma estava pura, eu mais contente
Ele falou-me assim "O Criador
Mandou-me aqui pra eu te preparar
A brasa que tu foste, então, tocado
Veio do Trono; estás purificado
Caminha! Siga em frente rumo ao Lar..."
Havia um outro rio antes da escada
E tinha lá também embarcações -
O cérebro é cheio de ilusões,
A água desse era salgada
Pois na verda era um oceano
A escada estava longe - tão distante
Fiquei à beira um instante
E vi o quão pequeno é o ser humano...
O barco só cabia uma pessoa
E antes de embarcar, peguei um remo
O pôr-do-sol estava agora ameno
E havia até golfinhos junto à proa...
Os remos, uns pedaços de madeira
Remei, remei, remei e adormeci
Ao acordar e as águas ver, tremi
Pois vi umas estranhas nadadeiras...
O barco ali parado - O que fazer:
Pois os golfinhos não estavam mais
Havia tubarões e uns animais
As lágrimas vieram pra valer...
Meu coração dizia assim "Desisto!"
Mas logo vi a escada incandescente
Não erá só de ouro simplesmente
Mas de berilo, opala, jade, xisto...
[continua...)