Teatro vivo

O que os meus olhos vêem agora?

A alma de Hamlet contagiou-me.

Sou o que creio, ou o que sinto?

Ou são as pedras sólidas?

Infinitas...

Ou unidas e em pedaços contáveis

Sem fim em grãos de areia?

Talvez o Universo fosse deles cheio,

Como calculou limitado Arquimedes

À finita casca celeste.

E o que são versos brancos,

Palavras perdudas?

Ou apenas vontade sem criatividade,

Ou uma música profunda da alma humana

Inspirada na própria essência da existência

Embebida num feixe mental luminoso de reflexão?

São apenas palavras...

Lavradas ou não, eu amo meu solo como ao meu eu criativo.

E agora inspirado num drama shakespeariano

Sou atrapalhado pela chuva que pausa, afina, engrossa,

Mas por que cai?

Superfusão, gelo e água!

Será que molham? Mas nem tocam!

Gotas de água de moléculas de átomos, imaginados!

Quem fala Alberto Caeiro de Fernando Pessoa?

Seria histeria? Poesia? Filosofia?

Mas o que sinto ainda é interpretação.

Vejam a Mitologia Grega.

O homem refletiu sobre o mistério do ser,

Perdido nos primórdios do Universo,

Quando o homem nem existia.

Só quem poderia desvendá-lo seria a imaginação.

Amor seria eterno enquanto durasse,

Ou seria eterno enquanto durassem os amantes?

Existe o amor que possuímos ou apenas o sentimos?

Mas se o temos, somos, existimos?

Talvez estes versos não existam,

Como os átomos são vãos sonhos perdidos no vazio da matéria.

Ou existam, porque isto é poesia, ou será prosa?

O mistério é essa magia de sentimentos que imaginamos

E é tal a minha fé neles que eternizo meu amor que toco.

Quanto ao passado, não é um drama, mas um sussurro falso

De gente efêmera que o destino esquece.

Ouçam o teatro que há na vida e calem,

O resto é silêncio.

Ulisses de Maio
Enviado por Ulisses de Maio em 05/04/2008
Reeditado em 24/02/2009
Código do texto: T932985
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