ABAJUR AZUL
Que encantos tem a noite de mistérios e magia;
Luz e sombra, frio e calor.
Sensações, fantasias.
Gostosa delícia de aromas,
Encontros fugazes, escondidos, marcados
Onde um ao outro se derramam.
Se amam...
Sorrisos, lamentos, juras de amor
Abraços cansados, apertados,
Beijos doces, molhados, suaves, com furor
No palco da noite o espetáculo inebria
Quando a brisa suave do anoitecer
Traz em refinada alegoria
O perfume do imponente manacá em flor.
Em matizes de roxo, lilás e branco
Elevam-se as almas em fulgor
ruflando na ânsia louca de um encontro.
Um corpo inerte amarrado num banco.
Adormece e sonha.
No primeiro ato.
A viagem começa no tempo e espaço
Sinto um cheiro de mato
Inebriando o aroma da noite.
Olhos perdidos
Procuram-se em desesperado açoite
No céu infinito, muito escuro.
Encontram-se nas estrelas cintilantes
Que determinam o caminho percorrido
Do vôo das almas errantes
Olhos que mal podem vê-las
Banhados que estão pela correnteza
De suas próprias emoções
Misturam-se às estrelas
Em rápidas convulções
E extasiada presteza
Transbordam borbulhas de nostalgia
Em suspiros delirantes
gotejam partículas resplandecentes de alegria
Com gemidos e afagos suplicantes.
Pois que uma alma da outra é amante
Uma a outra acolhe o pranto
Acariciando a melancolia.
Fim do ato.
Desato.
O corpo adormecido no banco
Sob o abajur azul diáfano da lua.
Embalado pelo vento de um sonho
Eu arremato.
Ele continua.
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