O DIVÓRCIO DA POESIA

"Quando o conteúdo se liberta do apertado continente"

Ao alvorecer de mais um dia

Em meio à nostalgia...

Divorciou-se a PO...esia.

Tão iguais no primeiro fonema!

Mas... arrebentando sua algema,

Disse adeus ao seu PO...ema.

Nos anseios por felicidade...

Buscaria a liberdade!

Não lhe haveria mais formas

Lutaria por qualquer reforma!

Voltaria a sobrevoar os campos

Estaria em todos os recantos.

Habitaria no desabrochar das flores,

Perfumaria todos os seus odores.

Seria o brilho das crianças,

Espantaria a desesperança,

E pulverizaria a confiança.

De mãos dadas com a beleza,

Cavalgaria as borboletas...

E afugentaria a menor tristeza!

Chapinharia nos riachos,

Enlaçaria todos os abraços!

Seria o canto dos pássaros...

E não lhe haveria nenhum cansaço.

Ao lusco fusco de um entardecer...

Enfim ...decidiu não mais morrer!

Sem formas e sem fonemas...

Optou pelo inato poema.

E foi assim, que em plena euforia...

Eternizou-se em vida!... a poesia.

São PAulo, 19-02-2005