ASPIRAÇÃO

Pairem meus poemas

para sempre

pássaros sem nome

sonho de palavras

jamais escritas

a serem colhidas

por mãos invisíveis

que possam escrevê-las

e assim se faça

a poesia

que nunca hei de ler

no anonimato

que ninguém saberá.

Assim me faça

desconhecida

nos poemas

das palavras anônimas

colhidas

por um poeta a vir

que se saiba

ou que almeje saber-se

em tal sonho de ritmos

escritos por ninguém.

Que em espaço onde pairem

sempiternas

as histórias

os silêncios

de tudo o que houve

e não

neste tempo em que eu

NÃO

assim fiquem também

meus VAZIOS

que em tempo a vir

um poeta a vir

preencha

com a própria respiração.

Este poema, presentemente com algumas alterações, está publicado no livro GARIMPO DE PALAVRAS - antologia de contos e poemas - pela Editora Guemanisse, em 2007.