CAMINHOS DA POESIA
Poesia é uma arte
Destarte, na mente procria
Pois é projetada em um espelho
Reflexo de uma imagem em profundidade
De uma dor que lhe consome e
Que neste falso espelho se distorce e se amplia
Assim, ela estende os limites do seu sentir
E vem através de uma inquietação
Que é uma estranha luz
Que à alma, fere e alumia
A poesia é então costurada pela mão do sofrimento
E da ilusão
Que são seus fios condutores e seu guia
Este sofrer, sem explicação,
Vem do lado escuro
Da compulsão, lago ácido
Onde ela o modifica e o recria
Este estado de espírito, que é involuntário
Desenvolve lhe a sensibilidade e lhe traz a inspiração
Que incendeia seu espírito e o sublima
E no seu próprio fogo se consome e se sacia
Nesta teia catastrófica, crescem-lhe os sentidos das coisas
Constrói-se imagens, sonhos e voos infinitos,
E aumenta a dor que lhe apraz sentir
Que são pontes de um mundo utópico e de fuga
Que é o auge de sua autofagia
O subconsciente é então, um leque aberto
Captando alguma sensação que lhe explique
Pois somente quando a dor lhe queimar
Seu mundo será mais denso e não mais uma utopia
Mas mal ele sabe
Que muito antes desta falsa dor existir
No seu coração, ela era uma febre
Que no seu peito há muito já ardia
Assim mitigado com a revelação dos versos
Ele se comunica consigo mesmo
Através das palavras que gerou
Que agora, livres dele, entregues ao mundo
Dançarão no papel, para sempre,
Nuas, molhadas e frias!
C.Govedice 9/3/308