UM TEMPO SEM LUZ



Do pó sou feita.
Lama, lótus.
Mas não sei vencer
as desgraças.
Não sei vencer ainda
os filhos de minha mãe terra
com a força da minha palavra
e do meu sentimento.
Sou gado perdido,
ovelha ornamentada para
o matadouro,
sinete no pescoço, que avisa
tudo que vai dentro do coração.
Meu pastor partiu faz tempo.
Foi passear no vento
entre as rosas de sua imensidão.

Não sei vencer os mares, as marés,
vivo em marcha ré pelas praias
onde as rosas vivas, fincadas
nos arames farpados, também sacrificam
os jardins...

Oxalá eu pudesse transgredir
os meus braços, os meus olhos,
essas algemas do meu azul nas mãos
e te retornar a mim!






(foto: www.olhares.com)


Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 07/03/2008
Reeditado em 03/06/2011
Código do texto: T890487
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