O NÃO-AMADO
Para o que não se ama
impossível elevadores
só há degraus e vertigem.
Este, o mais necessário,
o não-amado,
nos aguarda
no último andar
de incomensurável
edifício.
É imprescindível alcançá-lo.
Só na face do reverso
desvela-se o amor verdadeiro.
O não-amado
é todo asperezas.
Para ele reservemos
nossas melhores carícias.
Amar o não-amado
é possuir com clareza
o espaço da nossa dúvida
é ter nas mãos, cristalina,
nossa verdade mais lúcida.
Do livro POEMAS DE AZUL E PEDRA,Editora Mirante, 1984.