2
Já não havia flores aromáticas –
Depois que percebi que tudo aquilo –,
Que havia visto antes e não vivi-lo –,
Com atenção olhando quão apáticas
A grama era de um lodo verde-escuro –
Um musgo, um veludo parecia –
A cor uma esmeralda refulgia –
Só ilusão comi; ficando impuro...
A água que tomei era uma losna
Escorreguei então naquele barro,
Um riso de sarcasmo e bizarro,
Ouvi quando cai naquela gosma...
Mas a estrada larga era bonita
Não tinha – a princípio – um problema
Ouvi frases mais belas que um poema
Depois que percebi – minha alma aflita...
Tentei então limpar-me da sujeira
Foi rosto, braço, tronco, perna-a-perna,
Uma limpeza básica – externa –,
A podridão da alma estava inteira...
E pus-me a caminha de novo então,
Um banho novamente quis tomar
Mas ia caminhando sem parar
Até avistei um ribeirão...
O céu em fogo estava – era crepúsculo
Quando cheguei lá perto, um mergulho
Eu dei, mas de repente que engulho
Me veio incontinenti em cada músculo...
Um cheiro forte, um cheiro de carniça
Me sufocou, tomou o meu olfato
Depois que vi, fiquei sem aparato
De fezes era o rio, foi uma liça...
Pra me livrar daquele grande nojo
Eu avistei então uma caverna
E caminhei pra lá na noite erma
Dizendo assim: Fui tolo, um despojo.
E caminhando eu vi outra floresta
Com árvores torcidas – mais sombrias
Estavam carregadas com harpias;
Uma grasnou, bicando minha testa...
Aquele olhar malévolo entrava
No fundo de meu ser tirava tudo
Ela me revelava, fiquei mudo,
Os meu pecados ela enumerava...
Mentira era seu nome; era rainha
Daquela mata cheia de demônios.
As sensações mexeu com meus hormônios
Razão, insanidade foi-se a linha...
Pensei estar num grande pesadelo
Havia lá quirópteros vampiros
Mandíbulas enormes, seus suspiros –,
Trovões pareciam – nem vou descrevê-lo...
Uma mulher-serpente vi também
Seu ser era perfeito – imaculado
Ela falou-me assim: “Sou o Pecado
Olhando-me demais, levo-te além...
Para outra dama bela e perigosa
A minha irmã gêmea – o meu suporte
Ela não larga mais – Seu nome? – Morte
Ela é fatal; e, nada tem de airosa...”
Saí correndo então em disparada
Mas tropecei numa daquelas matas
No chão havia lesmas e baratas
Que noite! Que maldita madrugada...
(continua...)