Lucidar

Não quero ser lúcido além da conta

que eu no final da brincadeira, não possa pagar

Não divido dúvidas

Não quero dívidas

Generoso, divido minha ignorância com os cegos

Sou o parênteses da equação matemática

Anátema do entendimento pretérito mais que perfeito

Lucidez é acidez pr´alma

acostumada a não deixar de ser a mesma nunca

Não quero ser super-homem

de uma vida sem quadrinhos

Quero meu pull over azul marinho

incinerado no dia de minhas cinzas

Sentar na minha poltrona quando estiver na lona

e dormir pra não sonhar que estou acordado no mesmo lugar

A lucidez me desespera porque me faz ver o que não posso definir

E a quem definir?

Receio amar o desespero

e espero tê-lo a levar o ar que me sufoca

Lucidez é luz que clareia e mostra meus aposentos feridos

Sentimentos retidos na vida prisão

Na falta de não fazer, (re)existo

Deixa-me surdo de silêncios

O fermento que aumenta

E atormenta meu breve espaço pra sonhar

A loucura que é lucidar

leandro Soriano
Enviado por leandro Soriano em 13/12/2005
Código do texto: T85086