O fracasso
Eu fui forjado assim…
Sob o jugo da minha própria miséria…
Não porque ela era verdadeira…
Mas por conta da dor que me moldava…
Sob a pressão… Para me fazer caber em cadinhos…
Apertados… De insignificância…
De medo, para não deixar de lá sair…
O meu brilho… Aprisionado…
Em bolas de ferro…
Em portas pesadas…
De masmorras escuras…
Para engolir o meu choro…
Para esconder minhas lágrimas…
E, principalmente, para esquecê-las…
E a imagem dos meus perpetradores…
Torturadores… Sob o jugo quente do amor…
Aprendi a prender o meu grito vivo…
Contido na garganta…
Mas quando inflama e doi…
Quero ser ouvido desde as profundezas do Inferno…
Desde a Fossa das Marianas…
Onde eles quiseram me enterrar…
Mas eu emerjo, surjo, vivo…
Dessa vez, não como um anjo nem como um demônio…
Mas como tudo aquilo que eles não puderam suportar que eu fosse…
Tudo isto.