O Queimador de Espelhos

Não houve início.

Houve um esquecimento.

Algo —

que não era algo —

curvou-se sem curvar-se,

e o tempo…

esqueceu-se de nascer.

Na contração do Inefável,

brotou um som que não soa.

Chamam de Palavra.

Mas não se diz.

Ela sonha.

Quatro tocaram o véu.

Três caíram.

Um deixou de ser —

e por isso voltou.

Tu pensas que lês.

Mas é o livro que te devora.

Página por página,

ego por ego.

Não há resposta.

Há combustão.

E se ainda perguntas,

é porque ardes pouco.

Abraham Cezar
Enviado por Abraham Cezar em 08/04/2025
Código do texto: T8305196
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