O Frágil Encontro do Sol e da Lua

Eu sou o Sol, e você, apenas as sombras ilusórias da Lua. Nunca fez parte de um planeta completo, e nunca fará. Em meio à ilusão, nem sequer acreditei fazer parte deste sistema planetário. Nessa desilusão fugaz, a sombra sugou a luz que emanava dos meus raios. Como pode um Sol sem raios iluminar ou sequer aquecer?

Meu mundo tornou-se frio, de textura cinzenta, sem ocupar sua verdadeira posição de majestade. Segui por muito tempo sendo apenas um solzinho solitário, escondendo-me pelas órbitas, intrigada com a grandiosidade de meus outros mestres. Pobre e frágil Sol, tornou-se cego, envolto em suas próprias chamas, e terminou queimando a si mesmo.

O fogo subia. Transpirei, suei e gritei, crendo que aquele instante marcaria o meu fim. Minha querida, o processo da queima foi necessário para afastar as nebulosas que entorpeciam seu movimento de rotação. Vamos, amada, contemple a grandeza presente em si. Brilhe aos sete horizontes e exclame em alto e bom som: "Eu estou livre! Eu sou livre!"

Queime toda a escuridão que não lhe pertence. O grande Sol não deve temer a chama, então vamos, queime rápido! Antes que o ser trevoso chegue e se alimente de seus lindos raios escaldantes. Não escute a voz sorrateira que, ao ouvido, sussurra: "Essa luz é minha."

Não, querido ser celestial, não se entregue. As sombras mentem! Penteie seus fios de fogo, vista sua melhor roupa e apresente-se aos grandes amigos vizinhos. Deixe que eles se aproximem. Abra sua casa e diga: "Venha ser um mundo junto a mim."

Da mesma forma como a grande Deusa nos nutre com as bênçãos do Grande Pai, piedosa Mãe e Pai celestial, protejam-me, para que eu não caia em abismos traiçoeiros, mantendo minha força concentrada junto à dança imperial dos cosmos.

Cora Fox
Enviado por Cora Fox em 13/03/2025
Reeditado em 13/03/2025
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