A Pedra que Afunda...

Sombras dançam nas minhas

sobras,

como labaredas secretas

de uma fogueira mística.

Eu sou a pedra que afunda

no ventre do lago negro,

onde a névoa sussurra

segredos sem tempo.

Eu sou a pedra que afunda,

e esquece o que é a luz,

se perde no espaço,

esquece o som.

Eu sou a pedra que afunda,

e abraçada pelo silêncio,

é beijada pelo escuro,

remida no fundo.

Eu sou a pedra que afunda,

e percebe que ali está

segura deste mundo,

de tudo que é sujo.

Eu sou a pedra que afunda,

e a água que me abraça,

leva tudo e me lava,

é a terna graça!