Sob o Véu da Ausência
Há uma luz que não toca,
mas atravessa.
Um véu tênue,
feito de instantes suspensos,
se agita
no sopro do que não se revela.
A harmonia vibra
sem ser ouvida,
um cálculo secreto
que o universo sussurra
a si mesmo.
O espaço espera –
não o movimento,
mas a ideia de movimento,
um arco tenso
que jamais se desfaz.
Entre os contornos,
não há forma,
mas a insinuação de um desenho
que a mente pressente
e o coração hesita em aceitar.
Ser, ali,
é ser o gesto inacabado,
o reflexo de um céu
que não guarda estrelas,
mas a promessa de seu brilho.
O silêncio paira,
não como ausência,
mas como o intervalo
entre o que é percebido
e o que escapa.
E nós?
Partículas do infinito,
dançamos ao redor
do vazio que pulsa,
tentando, sem jamais tocar,
a borda do eterno.