Sob o Véu da Ausência

Há uma luz que não toca,

mas atravessa.

Um véu tênue,

feito de instantes suspensos,

se agita

no sopro do que não se revela.

A harmonia vibra

sem ser ouvida,

um cálculo secreto

que o universo sussurra

a si mesmo.

O espaço espera –

não o movimento,

mas a ideia de movimento,

um arco tenso

que jamais se desfaz.

Entre os contornos,

não há forma,

mas a insinuação de um desenho

que a mente pressente

e o coração hesita em aceitar.

Ser, ali,

é ser o gesto inacabado,

o reflexo de um céu

que não guarda estrelas,

mas a promessa de seu brilho.

O silêncio paira,

não como ausência,

mas como o intervalo

entre o que é percebido

e o que escapa.

E nós?

Partículas do infinito,

dançamos ao redor

do vazio que pulsa,

tentando, sem jamais tocar,

a borda do eterno.

Marcolongo Ricardo
Enviado por Marcolongo Ricardo em 01/01/2025
Código do texto: T8231733
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