Fragmentos de um Amor
Nasce no intervalo
entre um olhar e o silêncio,
na dobra sutil do tempo
que separa o agora do nunca.
Vive no gesto esquecido,
no café que esfria na mesa,
no toque que não se dá,
mas pulsa ainda na memória.
Alimenta-se do não dito,
do que paira entre palavras,
da espera que molda o vazio
e o preenche de possibilidades.
Às vezes morre,
não em gritos ou despedidas,
mas na ausência do detalhe:
uma flor que não foi vista,
uma brisa que passou despercebida,
um instante que não se permitiu.
E, no entanto,
mesmo na morte,
permanece.
Como cicatriz infinita,
como lembranças de algo
que nunca foi, mas sempre será.