Medos
Medos
Delasnieve Daspet
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O meu silêncio fatia o tempo.
Palavras que não digo fecham a garganta.
Sinto receio da mesmice.
Meu sonho é calado.
Meu grito, um esgar.
Receio o meu pavor.
Não vou deixar que me bitolem.
Que me prendam numa saia justa.
Que me coloquem num quadrado.
Não faço questão de reconhecimento.
Não ligo se sou inconveniente.
De dizer as verdades duras
Do nosso presente.
Não vou permitir
Que silenciem minha voz.
Não vou permitir que matem o amanhã
Tenho medo dos meus versos
De falar verdades em abstrato.
Não vou deixar que amordacem
Minhas angústias.
Não posso permitir o choro das crianças;
Não vou esquecer os idosos.
Não deixarei as pessoas.
E nas madrugadas
Redescobrirei os segredos.
A vida ainda tem o cheiro de ontem.
24.12.24