Labirintos Invisíveis
Há um ruído que nunca dorme,
um sussurro entre o vão do silêncio.
Não é voz, não é grito,
mas um peso que molda o ar.
Invisível, mas presente,
como sombras que dançam
quando ninguém acende a luz.
Há labirintos sem saída
pintados no verso dos olhos,
onde passos ecoam
mas nunca encontram chão.
Um relógio de ponteiros partidos
marca horas que não passam,
em dias que não chegam.
Alguns chamam de tempestade,
mas não há trovões aqui.
Só o peso de nuvens imóveis,
grudadas no céu da alma,
feitas de tudo o que foi dito
e de tudo o que ficou preso na garganta.
E quando tentas fugir,
as portas sussurram segredos
que tu já conheces de cor.
Um ciclo, um giro,
uma dança sem música,
onde o cansaço
é o único refrão.
Mas quem vê de fora
não lê as entrelinhas.
Chamam-te de forte,
como se ser aço não enferrujasse.
Como se o brilho na voz
não fosse só o reflexo de um disfarce.
E ainda assim,
há dias em que sobrevives.
Não por heroísmo,
mas porque há algo de teimoso
no pulsar de um coração que insiste
em desafiar a lógica do vazio.