Vou me embora pra Treze Tílias

Vou me embora pra Treze Tílias

Félix Maier

Vou me embora pra Treze Tílias,

Em busca do mítico Shangri-lá,

Onde o tempo suspira e brilha,

E o horizonte perdido está.

Lá colherei as frutas do paraíso,

Pêssegos, maçãs, uvas ao sol,

Frutas doces de perder o juízo,

Num Éden em suave arrebol.

Vou me embora pra Treze Tílias,

Onde a paz veste as cores da tradição.

Não há gritos de funk, só doces maravilhas

De uma música nobre, de pura emoção.

Lá, os muros são limpos, sem pichação,

O comércio e as casas estão sempre em paz.

Nessa terra bonita, com meu coração

Vou viver contente, como ninguém mais.

Vou me embora pra essa terra querida,

Onde a paz habita e o amor vigora.

Pra lá levo a minha melhor despedida,

E que Treze Tílias me guarde, acolhedora.

E encomendarei aos Thaler minha casa,

Moldada em pinheiro, em imbuia e cedro,

Como obra de arte que a alma abraça,

Por um Michelangelo do talho eterno.

No alto do telhado, um campanário

A soar na paz desse lar esculpido,

Onde o tempo repousa no cenário

E o amor se sente em êxtase vivido.

Sob um edredom de penas de ganso,

Com meu amor ao lado, a me aquecer.

Mate e vinho de Videira, nosso descanso,

Enquanto o cuco marca o bem viver.

Vou-me embora pra esse refúgio,

Onde o tempo se esquece de andar,

Onde o amor é o doce equilíbrio,

E o viver é um doce vagar.

Vou-me embora pra Treze Tílias,

Onde os sabores fazem dançar.

Entre aromas e especiarias,

Há delícias por todo lugar.

No prato, o Wiener Schnitzel dourado,

Escalope crocante a me conquistar.

Uma festa ao paladar encantado,

Que só lá eu pude encontrar.

Tem Knödel macio, bolinho de glória,

Que a mesa perfuma e me faz sorrir.

E Eisbein com chucrute é a história

De um sabor que não deixa partir.

E depois vem o Apfelstrudel quentinho,

Folhado de maçã doce e canela.

Cada mordida é um carinho,

Um pedaço do céu numa tigela.

Vou-me embora pra esse banquete,

De pratos que aquecem o coração,

Treze Tílias, onde o sabor reflete

O afeto e a paz dessa região.

Músicos em roupas folclóricas no proscênio,

No preto e branco cantam a tradição.

Em cada acorde de violino vejo o gênio

De uma cidade da mais pura emoção.

Vou-me embora pra Treze Tílias,

Onde o sonho dança sem fim.

Em valsas vienenses, em eterna vigília,

Rodopio com meu amor junto a mim.

Braços dados, rodamos no salão,

Até o mundo começar a sumir.

Girando em êxtase, em plena paixão,

Dançando até o corpo cair.

E então, ao bar, erguerei meu brinde,

Um barril de chope a nos embalar,

Até que o riso se afunde e se finde,

E a eternidade venha nos encontrar.

As maçãs de Fraiburgo, o pinhão no fogo,

Tudo tem um sabor de vida e sossego.

Lá não há pressa, só o tempo em jogo,

Sinto cheiro de Edelweiss, um chamego.

Vou me embora pra Treze Tílias agora,

Onde não há violência, nem susto.

Lá onde a vida não corre, mas demora,

E o amor é constante, inteiro e justo.

Como nas brumas da Ilha de Avalon,

Sem pressa, num vaporoso sonho sem par,

Meu bem canta From this moment on

Com etérea voz de maçã a nos acalentar.

Obs.: Fonte de From this moment on - https://www.youtube.com/watch?v=DcaUFoH2pZs

Currículum vitae e memórias de Félix Maier - cfr. em https://felixmaier1950.blogspot.com/2021/04/felix-maier-curriculum-vitae.html