Ardor poético

Pra me consumir em versos,

preciso ser poesia

e me deixar abrasar por esse fogo!

Fogo que não queima, entretanto.

Fogo que apenas tem chamas,

que são labaredas de inspiração!

Vem de uma centelha;

uma fagulha;

um lampejo;

um sopro que insufla;

uma verve que inspira,

que motiva, que incentiva,

que instila...

Arde na carne quando acanhado;

vasa pelos poros quando inflamado;

queima quando entrevado,

mas dana-se em puro êxtase

e é alivioso quando expelido.

Prefiro ser poesia, sempre,

e me deixar abrasar por esse fogo,

mesmo com todo padece na parição;

mesmo com todo castigar do bom senso!