A Avenida

Há um batuque de tambor ao longe,

Um ensaio de escola de samba,

Ou talvez uma gira para os Orixás,

Oferendas de música e crenças,

Pedidos e promessas de fé e desejo,

Fecho os olhos momentaneamente,

O silêncio está ausente agora,

Barulhos de carros, motos e ônibus,

A cidade pulsa sob o manto da noite,

Gente que vai e vem, de casa ao trabalho,

Gente que vem e vai, dos afazeres,

Dos entretenimentos, circuitos abertos,

A Avenida ainda está bem acordada,

A Avenida não quer adormecer...

A persiana cobriu a janela no breu total,

Só a luz do celular traz visibilidade,

Mas o som da Avenida não para,

11:11h, números gêmeos, repetidos,

Em certos momentos o semáforo fecha,

Interrompe a ação, o mover, o som,

Na ausência do barulho há paz,

A quietude é sublime e apaziguadora,

Mas há um vento sussurrando na janela,

Um assovio de uma primavera outonal,

Adentra meus pensamentos sem pedir,

Rememorando a canção do Scorpions,

Ventos da Mudança...Wind of Change...

Na Avenida que segue insone....