Aurora do entardecer

A aurora do entardecer

Visível somente a mim,

Remanescente da raça de ouro,

Contemplando-a não vejo somente corpos:

Observo almas, essências.

De justos e condenados

Fadados a punição eterna por desprezarem a eternidade,

Respiram, porém não vivem;

Olham, porém não veem;

Dispersos, cegos pela própria carne,

Escravos ignóbeis da liberdade.

Parvos pensamentos seculares

Nascidos no mundo da pirâmide invertida,

Onde o ferro é o mais abundante dos metais,

Nervos de aço corroídos pelo tempo,

Derretem ao ecoar da consciência.

Há ainda quem tente ficar de pé,

Resistir ante as ruínas,

Sempre feridos, abatidos,

Vagam para além do além,

Calejados de corpo e espírito.

Expanda-se adiante, fugaz aurora...

Dilatai a pupila dessas faces sem vida,

Despojados de si banham-se no ouro,

Trêmula aurora, resplandeça.

Poeta Ocioso
Enviado por Poeta Ocioso em 07/10/2024
Reeditado em 07/10/2024
Código do texto: T8168190
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