Burana

bebo nesta única fonte

o canto da roda que me faz girar

por terras e mares sem ter medo

vi o inverno e o outono a chegar

conheci estradas e longos caminhos

serpentes doces e plumas de adornar

chorei muito quando te vi morrer

a única árvore que ousei plantar

quis saber quem eram os deuses

aclamados em nuvens de injustiça

senti o cantarolar da doce preguiça

e nos pássaros inspirei o meu voar

agora não sinto mais sede nem fome

pertenço à roda que só sabe girar

ouço ao longe o som de uma voz

que soa no limbo do meu poema

sou perpetuado num mantra suave

que teima em criar um outro tema

fico por aqui sem mágoas e com vida

sentado na cauda do meu pensar

na roda serena do meu balançar

Mongiardim Saraiva
Enviado por Mongiardim Saraiva em 28/09/2024
Reeditado em 29/09/2024
Código do texto: T8162120
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.