Burana
bebo nesta única fonte
o canto da roda que me faz girar
por terras e mares sem ter medo
vi o inverno e o outono a chegar
conheci estradas e longos caminhos
serpentes doces e plumas de adornar
chorei muito quando te vi morrer
a única árvore que ousei plantar
quis saber quem eram os deuses
aclamados em nuvens de injustiça
senti o cantarolar da doce preguiça
e nos pássaros inspirei o meu voar
agora não sinto mais sede nem fome
pertenço à roda que só sabe girar
ouço ao longe o som de uma voz
que soa no limbo do meu poema
sou perpetuado num mantra suave
que teima em criar um outro tema
fico por aqui sem mágoas e com vida
sentado na cauda do meu pensar
na roda serena do meu balançar