Todas as coisas.

Todas as coisas

Elas sob o Sol

O mesmo que brilhava ontem

Não são mais as mesmas

Somente a iluminada

Se manteve inalterada

Talvez até o final da tarde

Tudo mais

é nada

Nem mesmo o tempo

Sob o Sol absoluto, engana

Se desbota, ano após ano

Até que, então, desaparece

Tempo que, pra nós, astuto

Rosa era tão bela

Linda, a semana passada

O espinho fere, ainda

A textura aveludada

O linho transparente

é nada...era tão linda, é nada

A rocha, o mar, montanha

A poesia era perfeita

Todas as coisas

Elas sob o Sol

A essência, a alma, o aroma, a bruma

Se dissipa e volta ao céu

Cujo véu, envolto em prismas

Vaga solto, some ao vento

Folhas, feras, homens importantes

Existências...mero instante

Sol, resplande resoluto

Todas as coisas, elas sob o Sol

Não tem a mínima importância

Todas as coisas, essas acima do Sol

O próprio Sol, ante o Universo, é nada

Amarela, amarelada, anã

Ponto reticente na poesia

Do Criador de todas as coisas

Debaixo e acima do Sol.

Edson Ricardo Paiva.