Vago solúvel no ar. fico sonhando...

E me transmuto... iriso-me... estremeço...

Nos leves dedos que me vão pintando!

Mario Quintana

 

PAISAGEM

 

Janela aberta, eu, diante,

Olhando as nuvens errantes,

Os tons fascinantes do firmamento,

O movimento das folhagens,

A roupagem da primavera,

A ave que voa, prospera...

Reverbera a plumagem,

Pluraliza o momento.

 

Janela aberta, eu, me atrevo,

Papel, caneta, cismo, escrevo,

Alguns versos; que viagem!

Faço sem sair do lugar,

Sou nuvem, ave, o vento, o lume,

A dança das flores, o perfume,

A possibilidade de transmutar,

A liberdade de Quintanar...

 

E exclamar: também sou paisagem!