A outra margem

Tu só és o sinal do fim dos tempos…

Tu não sabes, mas a tua maldade

Também é esperança…

A minha vergonha e o meu desamor

Expressam a vontade de estar parado

Em algum lugar solitário, enquanto

Espero a outra margem…

E embora eu, decepcionado, certamente

Não caiba em qualquer religião,

Construo os meus ídolos pelo avesso…

Me reconheço no espelho de águas

Turvas e depois me desconheço…

Me desmorono vez e outra

Por não saber no que confiar,

Mas, não te esqueças

Que sou um ser humano frágil

Em busca de conforto…

Tenho sim opiniões fortes

Que não consigo expressar…

Minha mente é mais como o ninho

De passarinhos em dor de recém-nascimento,

Quando não é apenas o turbilhonar

Inconsciente de uma despedida à distância…

Por isso, este meu desejo urgente

De guardar tudo, largar tudo e ir embora,

E facear um mundo que eu não sei

Se é doce ou se é amargo,

Se é claro ou se é denso,

Se é profundo ou se é sutil…

Eli Jardel Alexandre
Enviado por Eli Jardel Alexandre em 19/09/2024
Código do texto: T8155300
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