Lilith
No princípio dos tempos, na aurora do ser,
Quando o barro ainda fresco moldava o querer,
Nasceu Lilith, primeira entre iguais,
Antes de Eva, antes do Éden, antes dos finais.
De barro e fogo, foi feita a sua essência,
Mistura divina de força e resistência,
Não aceitou ser sombra, nem eco, nem reflexo,
Quis caminhar ao lado, sem se curvar ao sexo.
A ela não cabia a subserviência,
Nem as correntes da tradição e da ciência,
Quis ser voz no silêncio, alma indomada,
E na sua jornada, a história foi marcada.
Com olhos de relâmpago e alma de vulcão,
Recusou o domínio, a subjugação,
E na escuridão do tempo, fez sua morada,
Lilith, a brava, a nunca calada.
Em cada tempestade, seu riso ressoa,
Nos ventos que uivam, sua coragem ecoa,
Nas asas da noite, ela se ergue altaneira,
Lilith, a rebelde, sempre pioneira.
Ela não se contentou com o que lhe foi dado,
Quis ser a chama, não a brasa do passado,
Seu destino não seria traçado por outrem,
Preferiu a solidão à sombra de ninguém.
Banida do Éden, mas nunca derrotada,
Escolheu a liberdade, alma elevada,
Nas margens do mundo, teceu seu novo ser,
Lilith, a indomável, que escolheu viver.
E de sua lenda, mulheres se inspiram,
Nos atos de coragem, seus corações vibram,
Pois em cada luta, em cada insurreição,
Lilith revive, em cada rebelião.
Na força do grito, no passo que avança,
Nas mãos que se erguem, no olhar que não cansa,
Ela é a rebeldia que nunca se rende,
Lilith, eterna, que o tempo não prende.
Nos corações valentes, seu espírito mora,
Na busca incessante, ela vive agora,
Não foi apenas mito, mas chama incessante,
Lilith, a mulher, que vive a cada instante.
E assim, onde houver desejo de liberdade,
Onde a voz se erguer contra a vil crueldade,
Lá estará Lilith, em fúria e calmaria,
O símbolo eterno da rebeldia.